"A ilha de Timor foi, primeiramente, povoada pelos povos Papua, cerca de 7000 a. C., e pelos povos austronésicos, aproximadamente 2000 anos a. O., tendo, posteriormente, sido abordada por outros povos em migração entre a Ásia e a Austrália e o arquipélago do Pacífico. A diversidade geográfica da ilha, as guerras internas entre povos e a consequente integração de subgrupos em outros grupos étnico-linguísticos provocaram uma diversidade cultural e linguística no território, de tal forma que, hoje, dificilmente se podem identificar e territorializar os diferentes grupos étnicos. Um único grupo pode actualmente falar até cinco línguas diferentes, da mesma forma que uma mesma língua pode constituir a forma de expressão de vários grupos étnicos. Se atendermos apenas às características linguísticas dos povos, são reconhecíveis cerca de 20 grupos principais em Timor Leste e um número mais reduzido de dialectos.
A grande maioria das línguas timorenses filia-se na família austronésica, ou malaio-polinésica, muito provavelmente difundida graças à ocupação proto-malaia da Insulíndia e ilhas do Pacífico. Outras línguas, como o búnak, o fatulúku e o makassai possuem, provavelmente, raízes nas línguas papuas.
A necessidade de comunicação entre povos, especialmente com fim a trocas comerciais, originou, aos longo dos tempos, a eleição de línguas francas. É neste sentido que deve ser compreendida a expansão do tétum, língua original dos Belos, divulgada pela sua conquista da parte leste da ilha de Timor.
Naturalmente, a evolução linguística e as diferentes ocupações do território têm vindo a provocar o desaparecimento de algumas línguas, absorvidas por outras de maior expressão ou reduzidas a minorias circunscritas. Desde meados do século >0< até hoje, as principais línguas timorenses têm mantido uma percentagem de falantes semelhante ou manifestado uma tendência para a sua diminuição, como é o caso do tocodede e do kêmak. Apenas o tétum manifesta uma tendência para crescer, sabendo-se, inclusive, que, não obstante o facto de apenas cerca de um quarto da população actual o considerar como primeira língua, a maioria da população o utiliza actualmente como a sua língua veicular.
Em termos territoriais, à excepção do tétum, que se difunde numa área mais vasta mas descontínua, as línguas de Timor Leste possuem uma expressão bem demarcada na ilha.
No Oecússi a principal forma de comunicação é o baiqueno, língua original dos Atoni, povo de Timor indonésio, prevendo-se a sua continuidade linguística devido ao isolamento do enclave. Ainda assim, o tétum já é falado por uma percentagem significativa da população.
Junto à fronteira com a Indonésia, a situação é de heterogeneidade. No sul, em Covalima, predomina o tétum, e no interior, em Bobonaro, o kêmak e o búnak misturam-se.
Esta diversidade linguística é quebrada pela homogeneidade linguística dos distritos de Liquiçá e Díli e da zona do interior montanhoso. Em Liquiçá toda a população fala tocodede e em Díli a língua franca venceu como meio de comunicação. Nas montanhas é o mambae que se afirma como dialecto principal, estendendo-se até à costa sul do território, entrando pelos distritos de Ainaro e Manufahi. O mambae é ainda hoje a língua materna mais falada em todo o território, representando grupos étnicos variados.
No distrito de Manatuto são quatro os dialectos falados, com áreas de difusão claramente demarcadas: no norte fala-se o galóli, no centro o habo e o idaté e no sul o tétum. Ainda que, percentualmente, o galóli não seja dos principais dialectos do país, ele assume alguma importância em Timor, na medida em que foi adoptado pela Igreja neste distrito e, por isso, fixado em gramáticas e dicionários.
Nos distritos de Baucau e Viqueque predomina o makasai como forma de expressão, ainda que não corresponda a um grupo étnico único, comunicando-se também em tétum nos subdistritos mais ocidentais e expressando-se em uaimoa e em mídiki nas regiões interiores.
O extremo leste é globalmente dominado pelo fatalúku, ainda que na sua costa sul e na fronteira com Viqueque, se encontrem outras línguas com menor expressão.
Actualmente, também o português, o malaio e o mandarim, de entre outras línguas de origem chinesa, são falados em Timor Leste, se bem que por grupos de população extremamente pequenos. A sua existência prende-se fundamentalmente com as ocupações de que foi alvo o território e com os fluxos migratórios de população chinesa, mas apenas as línguas chinesas são representativas de um grupo étnico particular."
Fonte: http://www2.ilch.uminho.pt/portaldealunos/LLE/MajorP/1ano/TCH/P1/Brigida/index.html