quarta-feira, 24 de abril de 2013

Desejo, amor e paixão #2

"Apesar de vivermos na modernidade, com tecnologia, globalização, multiculturalismo e progresso há certas ideias, certos preconceitos, que perduram sem que nada os sustente a não ser uma vontade indomável de que a realidade obedecesse a esse ideal e não às leis que efectivamente a governam… Uma dessas ideias é o “viveram felizes para sempre”.

A culpa está disseminada: pelos poetas e pelos escritores (e seus devaneios românticos e odes à paixão), passando pelos argumentistas e realizadores (vejam-se as comédias românticas, um dos géneros cinematográficos mais perniciosos…), pelos contos de fadas e demais contos infantis, pelas escolas, pela TV, ou mesmo pelo sonho de quem está apaixonado e quer para sempre assim ficar, ou de quem não está mas deseja estar, enfim, a cultura ocidental está cravejada de uma mitologia romântica que nunca passou o teste da realidade. Esta é uma ideia, uma mentira ensinada às criancinhas (e também aos adultos), que se torna como que um mantra que, de tanto se repetir, acabaria por se concretizar…

E não se pense que isto é uma questão de somenos importância: a criação de falsas expectativas nas pessoas é um factor destrutivo de felicidade…

O problema é que nunca na história da humanidade se provou, se vivenciou, o “viveram felizes para sempre”. Pelo menos na interpretação que nos é transmitida em que “viveram felizes para sempre” significa “viveram felizes e apaixonados para sempre”…

Sei bem que as utopias, os sonhos, podem servir o propósito de pôr o mundo a avançar. Mas não neste caso. É que não podemos mudar a condição humana! Não podemos mudar, em particular, os mecanismos biológicos que regem as nossas paixões. Criar ilusões, fantasias, nunca cumpríveis, só propicia frustração, inquietação, infelicidade. Não só a paixão não é duradoura, nem sequer é um bom mecanismo de "matching" de longo prazo. A paixão é um mecanismo biológico que, na evolução humana, visou criar laços temporários entre um homem e uma mulher para que a procriação e os cuidados pós-natais fossem possíveis. A “química” faz com que nos apaixonemos por alguém que será um bom "matching" reprodutivo (já há estudos que o demonstram) e não por quem preenche os requisitos para que uma vivência a dois, sustentavelmente feliz, seja possível…

Contrariar o preconceito

Ninguém vive, nunca viveu, nem nunca viverá apaixonado para sempre pela mesma pessoa! Os neurologistas que estudam a paixão já demonstraram como a paixão se exaure ao fim de dois anos, até porque o corpo não mais aguentaria: a paixão é um estado alterado de consciência, um vulcão químico interior que nos torna viciados e obcecados pelo outro. E nem sequer amamos o outro senão uma idealização que dele fazemos… Os padrões neurais da paixão assemelham-se aos dos cocainómanos tal é o vício e a cegueira que de nós se apodera. Por isso, muitos psicólogos aconselham a que ninguém se case enquanto está apaixonado, uma vez que não conseguimos aí avaliar se o outro é, de facto, bom para nós…

Toda esta quimera da paixão misturou-se, na contemporaneidade, com a instituição casamento (ou vivência a dois), tendo-se passado a exigir dessa instituição algo para a qual ela nunca foi testada (e para a qual, objectivamente, não foi criada): a vivência perpétua, plena e feliz, dos cônjuges… O casamento é uma instituição que foi criada por motivos económicos para juntar interesses familiares e, mais tarde, para criar um espaço para a procriação em que o homem provia o sustento e a mulher o trabalho doméstico. Nesse tempo, a lei e a moral impediam o divórcio e ninguém exigia que esse fosse um espaço de felicidade. Sendo esta a história não deixa de ser surpreendente como, de repente, se passou a demandar do casamento tamanha façanha…

A realidade, porém, vem sempre ao de cima: a taxa de separações é hoje a maior de sempre, mostrando a dificuldade da conjugação da independência individual com o projecto conjugal feliz…

Por isso se torna fundamental contrariar o preconceito e ensinar as pessoas (e desde a infância) a conviverem com a realidade e a procurarem os paraísos possíveis. No final, há sempre lugar a escolhas, mas no espaço da realidade: podemos querer viver sempre em paixão, num pulular continuado de paixões em que o amor é “infinito enquanto dura”, mas em que vamos alterando sempre o nosso parceiro (qual Vinicius de Moraes, que se casou e descasou 9 vezes…); podemos também matarmo-nos (juntamente com a nossa amada) enquanto estamos apaixonados (quais Romeu e Julieta), cumprindo assim, efectivamente, o desígnio “viveram felizes para sempre”!; outra alternativa é construir uma relação a partir da amizade e evoluir para um amor sustentável; ou aprender a amar o outro, depois de morrer a paixão que nos ligava, e conviver com a lembrança dessa paixão; ou alicerçar o casamento num qualquer compromisso (religioso, familiar, económico, etc.) e manter essa empresa em bom funcionamento…

Enfim, nesta vida podemos querer ter tudo mas nunca vamos ter tudo. Se queremos ser felizes é bom estarmos preparados para o real e começar por não ensinar mentiras às criancinhas…"

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Palavras e Castelos...

"As palavras sempre ficam.
Se me disseres que me amas, acreditarei. Mas se me escreveres que me amas, acreditarei ainda mais.
Se me falares da tua saudade, entenderei. Mas se escreveres sobre ela, eu a sentirei junto contigo.
Se a tristeza vier a te consumir e me contares, eu saberei. Mas se a descreveres no papel, o seu peso será menor.
Lembre-se sempre do poder das palavras.
Quem escreve constrói um castelo, e quem lê passa a habitá-lo"
(Silvana Duboc)

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Desejo, amor e paixão #1

Nenhuma pessoa preencherá mais do que 70% das tuas expectativas no relacionamento. E as mulheres devem baixar ainda mais os seus níveis de exigência.
Basicamente as relações são construídas quando o parceiro é:

#1
Muito bom de cama, seja lá o que represente isso para cada um de nós.

#2
Tu e o outro têm muitas coisas em comum, tal como gostar de shopping, montanhismo ou xadrez.

#3
O outro e tu têm planos em comum, como montar uma oficina, construir um prédio, etc.

Se o outro for só bom de cama ele será apenas um amante. Quando, exclusivamente tiverem coisas em comum, o outro será apenas amigo. Assim como, quando somente partilharem planos, o outro se tornará teu sócio. Porém, combina dois destes aspectos e terás grande possibilidade de construir uma relação chamada casamento!
Mas… (claro, tinha que haver um mas...) mesmo que encontres uma pessoa com quem estes três aspectos, nem por isso estás livre da insatisfação.
Porque o ser humano é isso mesmo: um insatisfeito.
Alguém (que está a entrar na casa dos trinta) no outro dia em conversa dizia que só queria alguém que lhe desse o clique e tivessem objetivos em comum.
Será que com o passar do tempo e das desilusões as expectativas vão baixando? Não sei, talvez... Daqui a uns anos direi de minha justiça. Para já continuo à espera que "ele" apareça, mas já não o espero em cima de um cavalo branco e com uma armadura reluzente. Sim, ainda sou uma romântica, e espero continuar a sê-lo.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

O Arrependimento

Ora, aqui está um tema que dá pano para mangas. Há alguns momentos da vida que nos arrependemos de ter feito ou não ter feito determinada coisa, por exemplo, ter viajado, ter arriscado, ter falado, etc...
Um enfermeira americana publicou em 2011 um livro sobre os 5 principais arrependimentos dos paciente terminais. Que são:

#1
"Gostaria de ter tido coragem de viver uma vida fiel a mim mesmo, e não a vida que os outros esperavam de mim"

#2
"Gostaria de não ter trabalhado tanto"

#3
"Eu gostaria de ter tido coragem de expressar os sentimentos"

#4
"Eu gostaria de ter mantido contacto com os meus amigos"

#5
" Eu gostaria de ter me deixado ser mais feliz"

Sem dúvida que dá que pensar e pontos para refletir. Mas não somos todos iguais, todos nós temos coisas pelas quais já nos arrependemos, mas ainda vamos a tempo de "consertar" pequenas coisas.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Pufff

Há facadas que doem, mas não sangram... Foi apenas mais uma. Segue equipa...

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Um beijo

Foste o beijo melhor da minha vida, 
ou talvez o pior...Glória e tormento,
contigo à luz subi do firmamento,
contigo fui pela infernal descida!

Morreste, e o meu desejo não te olvida:
queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
e do teu gosto amargo me alimento,
e rolo-te na boca malferida.

Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
batismo e extrema-unção, naquele instante
por que, feliz, eu não morri contigo?

Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto,
beijo divino! e anseio delirante,
na perpétua saudade de um minuto...

Olavo Bilac



P.S.- Não são os copos a falarem..