segunda-feira, 25 de julho de 2011

Um pouco mais sobre Timor-Leste (parte III) - O tétum

"Actualmente, o tétum é a língua com maior expressão em Timor Leste, devido à sua utilização enquanto língua franca.
 
Esta realidade é fruto do percurso do próprio país. O tétum é uma língua da família austronésica, ou malaio-polinésica, que parece originária da Formosa e talvez também do sul da China continental.

O primeiro tétum, o tétum-terik, já se havia estabelecido como língua franca antes da chegada dos Portugueses, aparentemente em consequência da conquista da parte oriental da ilha pelo Império dos Belos e da necessidade de um instrumento de comunicação comum para as trocas comerciais. Com a chegada dos Portugueses à ilha, o tétum apodera-se de vocábulos portugueses e malaieses e integra-os no seu léxico, tornando-se uma língua crioula e simplificada — nasce o tétum praça. Muito embora, em finais do século XIX, os jesuítas de Soibada tenham já traduzido para tétum parte da Bíblia e, em 1913, o governador da colónia tenha tentado introduzir o tétum no sistema educativotimorense, é apenas em 1981 que a Igreja adopta esta língua na liturgia. Ainda que o tétum praça possua variações regionais e sociais, hoje o seu uso é alargado porque é compreendido por quase toda a população timorense."

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Um pouco mais sobe Timor-Leste (parte II) - A diversidade linguística

"A ilha de Timor foi, primeiramente, povoada pelos povos Papua, cerca de 7000 a. C., e pelos povos austronésicos, aproximadamente 2000 anos a. O., tendo, posteriormente, sido abordada por outros povos em migração entre a Ásia e a Austrália e o arquipélago do Pacífico. A diversidade geográfica da ilha, as guerras internas entre povos e a consequente integração de subgru­pos em outros grupos étnico-linguísticos provocaram uma diversidade cultu­ral e linguística no território, de tal forma que, hoje, dificilmente se podem identificar e territorializar os diferentes grupos étnicos. Um único grupo pode actualmente falar até cinco línguas diferentes, da mesma forma que uma mesma língua pode constituir a forma de expressão de vários grupos étni­cos. Se atendermos apenas às características linguísticas dos povos, são re­conhecíveis cerca de 20 grupos principais em Timor Leste e um número mais reduzido de dialectos.
 
A grande maioria das línguas timorenses filia-se na família austronésica, ou malaio-polinésica, muito provavelmente difundida graças à ocupação proto-malaia da Insulíndia e ilhas do Pacífico. Outras línguas, como o búnak, o fatulúku e o makas­sai possuem, provavelmente, raízes nas línguas papuas.
 
A necessidade de comunicação entre povos, especialmente com fim a trocas comerciais, originou, aos longo dos tempos, a eleição de línguas francas. É neste sentido que deve ser compreendida a expansão do tétum, língua original dos Belos, divulgada pela sua conquista da parte leste da ilha de Timor.
 
Naturalmente, a evolução linguística e as diferentes ocupações do território têm vindo a provocar o desaparecimento de algumas línguas, absorvidas por outras de maior expressão ou reduzidas a minorias circunscritas. Desde meados do século >0< até hoje, as principais línguas timorenses têm mantido uma percentagem de falantes semelhante ou manifestado uma tendência para a sua diminuição, como é o caso do tocodede e do kêmak. Apenas o tétum manifesta uma tendência para crescer, sabendo-se, inclusive, que, não obstante o facto de apenas cerca de um quarto da população actual o considerar como primeira língua, a maioria da população o utiliza actualmente como a sua língua veicular.
 
Em termos territoriais, à excepção do tétum, que se difunde numa área mais vasta mas descon­tínua, as línguas de Timor Leste possuem uma expressão bem demarcada na ilha.
No Oecússi a principal forma de comunicação é o baiqueno, língua original dos Atoni, povo de Timor indonésio, prevendo-se a sua continuidade linguística devido ao isolamento do enclave. Ainda assim, o tétum já é falado por uma percentagem significativa da população.
 
 
 
Junto à fronteira com a Indonésia, a situação é de heterogeneidade. No sul, em Covalima, predomina o tétum, e no interior, em Bobonaro, o kêmak e o búnak misturam-se.


Esta diversidade linguística é quebrada pela homogeneidade linguística dos distritos de Liquiçá e Díli e da zona do interior montanhoso. Em Liquiçá toda a população fala tocodede e em Díli a língua franca venceu como meio de comunicação. Nas montanhas é o mambae que se afirma como dialecto principal, estendendo-se até à costa sul do território, entrando pelos distritos de Ainaro e Manufahi. O mambae é ainda hoje a língua materna mais falada em todo o território, representando grupos étnicos variados.


No distrito de Manatuto são quatro os dialectos falados, com áreas de difusão claramente demarcadas: no norte fala-se o galóli, no centro o habo e o idaté e no sul o tétum. Ainda que, percentualmente, o galóli não seja dos principais dialectos do país, ele assume alguma importância em Timor, na medida em que foi adoptado pela Igreja neste distrito e, por isso, fixado em gramáticas e dicionários.
 
Nos distritos de Baucau e Viqueque predomina o makasai como forma de expressão, ainda que não corresponda a um grupo étnico único, comu­nicando-se também em tétum nos subdistritos mais ocidentais e expres­sando-se em uaimoa e em mídiki nas regiões interiores.
 
O extremo leste é globalmente dominado pelo fatalúku, ainda que na sua costa sul e na fronteira com Viqueque, se encontrem outras línguas com menor expressão.
Actualmente, também o português, o malaio e o mandarim, de entre ou­tras línguas de origem chinesa, são falados em Timor Leste, se bem que por grupos de população extremamente pequenos. A sua existência prende-se fundamentalmente com as ocupações de que foi alvo o ter­ritório e com os fluxos migratórios de população chinesa, mas apenas as línguas chinesas são representativas de um grupo étnico particular."

Fonte: http://www2.ilch.uminho.pt/portaldealunos/LLE/MajorP/1ano/TCH/P1/Brigida/index.html

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Um pouco mais sobre Timor-Leste (parte I)

   Em termos administrativos, Timor Leste encontra-se dividido em 13 distritos: Bobo­naro, Liquiçá, Dili e Baucau, na costa norte; Covalima, Ainaro, Manufahi e Viqueque, na costa sul; Manatuto e Lautém, da costa norte à costa sul; Ermera e Aileu, situados no inte­rior montanhoso; e Oecússi, enclave no ter­ritório indonésio. Cada um destes distritos possui uma cidade capital e é formado, por sua vez, por subdistritos, variando o número destes entre três e sete, numa média de cinco subdistritos por distrito. De entre todos os distritos de Timor Leste, é Viqueque que apresenta uma área maior (1 884 km2) e Díli dimensões menores — (364 km2). De uma maneira geral, os distritos do território mais centrais apresentam uma dimensão menor, e os distritos localizados junto à fronteira e na zona leste apresentam áreas superiores à média. Em termos demográficos, é o distrito de Díli que apresenta maiores valores totais — 120 mil habitantes —, e Aileu é o distrito com menor população, muito embora possua uma área superior ao dobro da de Díli.
Distritos de Timor-Leste

   Os 67 subdistritos inseridos nos 13 distritos possuem, cada um, igualmente uma cidade capital e subdivisões administrativas, os su­cos, que variam entre 2 a 18 por subdistrito. O maior subdistrito é o de Lospalos, em Lautém, com 635 km2, e o menor é Nem Feto, em Díli, com 6 km2. A localização geográfica destes subdistritos evidencia mais uma vez a tendência já mencionada de uma maior seg­mentação administrativa nas zonas central e ocidental do território de Timor Leste. Fato Lulik, sendo um dos subdistritos mais pequenos, é o menos povoado, com cerca de 2000 habitantes. Naturalmente, os subdis­tritos que apresentam maiores valores demográficos são os que compõem o distrito de Díli, mais particularmente os que englobam a cidade capital do pais, destacando-se Dom Aleixo, com 35 mil habitantes.

domingo, 17 de julho de 2011

First step

Portanto, cá estamos para o primeiro passo rumo a Timor.
Estamos algures pelo Porto para uma semana de formação, quer em cultura timorense quer em tétum e outras matérias que nos podem ser uteis no terreno. Por isso, vai ser uma semana intensiva de formação e mais formação... ;)

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Lenda de Timor


Um dia, um menino encontrou um bebé crocodilo esforçando para fazer o seu caminho da lagoa ao mar. Como ele estava muito fraco, o rapaz teve pena dele e levou-o em seus braços para o mar.

O crocodilo era muito grato e prometeu lembrar a bondade do rapaz. Ele disse ao garoto que sempre que quissese viajar, este deve até ao mar e chama-lo, e o crocodilo iria ajudá-lo.

Depois de um tempo, o menino lembrou-se da promessa do crocodilo, e foi para a beira do mar e chamou o crocodilo três vezes. O crocodilo disse ao rapaz para se sentar nas suas costas e ao longo dos anos, ele levou o menino em muitas viagens.

Mas, embora o crocodilo e o rapaz fossem amigos, o crocodilo era ainda um crocodilo e sentiu uma vontade irresistível de comer o menino. No entanto, isso o incomodava e ele decidiu pedir a outros animais um conselho. Ele perguntou à baleia, ao tigre, ao búfalo, e muitos outros animais, que todos disseram, "O menino foi bom para você, você não pode comê-lo". Finalmente, ele foi ver o macaco sábio. Depois de ouvir a história, o macaco xingou o crocodilo e depois desapareceu.

O crocodilo sentiu-se envergonhado e decidiu não comer o rapaz. Ao invés disso ele levou o menino em suas costas e, juntos, eles viajaram até o crocodilo ser muito velhinho. O crocodilo sentiu que nunca seria capaz de retribuir a bondade do rapaz, e disse ao menino: "Logo eu vou morrer, e formarão uma terra para você e todos os seus descendentes".

O crocodilo, em seguida, tornou-se a ilha de Timor, que ainda tem a forma do crocodilo. O rapaz teve muitos descendentes que herdaram as suas qualidades de bondade, simpatia e senso de justiça. Hoje, o povo de Timor chamar o avô "crocodilo", e sempre que cruzar um rio, tem de gritar, "Crocodilo, eu sou seu neto - não me coma!"